Essas viagens tão pequenas, rotineiras.
Não são nada demais... até chegar a quinta-cheira e a sexta também, pq não?
Até você perder o orgulho bêsta de quem é auto-suficiente e
sair mendigando moedas pra pagar a dose de pinga.
Sair mendigando colo, porque não quer dormir sozinho.
Aí você acorda de uma noite linda... e digo com todas as
letras
a-c-o-r-d-a
Assim, pá! Abre os olhos e o que era cor-de-rosa,
cor-de-lua, ébrio. Lúdico e louco.
É só um punhado de remelas e olheiras no espelho de uma casa
que não é sua.
(será que eu realmente sai dos meus 17?)
E o que dizer do caminho de volta?
O sol na cabeçaa, o treeem azul!
Um tucano cortando a nuvem. Tirando dela seu formato de
unicórnio. (como se alguém mais enxergasse os desenhos que você vê no céu)
No ônibus, roncos. E alguém te cutuca, entrega um santinho
com um papel “sou surdo-mudo, queira me ajudar.”
E como não iria querer? Caridade forçada. Só gente muito mal
educada pra se negar...
É como quando alguém lhe estende a mão.
Você QUASE nunca rejeita aquele chacoalhar.
Mas há sempre a possibilidade do quase...
Esses dias me perguntaram pq eu não dou beijo no rosto de
todo mundo
Cantei:
“E só tôu beijando o rosto
De quem dá valor
Eu não tenho nada, antes de vc ser eu sou
Eu SOOOUL
Eu sou amô, da cabeça aos pésss!”
Chamaram-me Louca! Mas nisso eu já seguia meu caminho. Traçando
meu destino com gingado meio de carioca, meio de mãe de santo, meio robocop,
meio gorila. Sei lá...
Enfim, eu chegava ao bar.
“Aí de novo?”
Sim, meus pés parecem me levar até os botecos, sem que meu
cérebro necessite ordenar.
(Aah, a imperatividade encefálica, tão inexistente em noites
escuras).
Agora, fugindo dos parênteses, acho que vou parar de estufar
o peito e fazer cara de valente.
“quê?”
Acho que vou mesmo é passar a desviar dos golpes.
De todo cinismo, de todo machismo, toda falsidade, todo
falso moralismo, toda critica sem fundamento – de quem só quer mesmo, é te ver
por baixo.
Se eu já descarreguei? Não, este é só o primeiro caminhão.
Ando pensando em ter um filho... (cilada, Bino!)
Não, é sério. Ou filha... Não se assuste cumpadi, tenho pill
do dia seguinte em estoque pra pelo menos mais 5 anos.
É só o querer ter por quem olhar. É querer ver um cadinho de
mim, num serzinho tão inofensivo. Isso até...
“até ele(a) começar a falar palavrão, te mandar praquele
lugar, enxer a cara de piercings, te dar dor de cabeça com problemas na escola
e finalmente encontrar prazer na vida sexual”
Que horror! Parece a frase que eu vi num cemitério uma vez. “hoje
eu sou, pq um dia você foi”.
Larga mão de filho, quêro sabê não! Melhor é descartá-los na
privada, dar descarga na camisa-de-vênus (que se previsse o futuro, se chamaria
camisa de força).
Mas agora chega. Chega de falação.
A lua ta bonita, e o melhor a se fazer é dar um trago
Seja de cigarro, de conhaque ou de amor barato...
“oi?”