28 de abr. de 2013



Essas viagens tão pequenas, rotineiras.
Não são nada demais... até chegar a  quinta-cheira e a sexta também, pq não?  
Até você perder o orgulho bêsta de quem é auto-suficiente e sair mendigando moedas pra pagar a dose de pinga.
Sair mendigando colo, porque não quer dormir sozinho.
Aí você acorda de uma noite linda... e digo com todas as letras
a-c-o-r-d-a
Assim, pá! Abre os olhos e o que era cor-de-rosa, cor-de-lua, ébrio. Lúdico e louco.
É só um punhado de remelas e olheiras no espelho de uma casa que não é sua.
(será que eu realmente sai dos meus 17?)
E o que dizer do caminho de volta?
O sol na cabeçaa, o treeem azul!
Um tucano cortando a nuvem. Tirando dela seu formato de unicórnio. (como se alguém mais enxergasse os desenhos que você vê no céu)
No ônibus, roncos. E alguém te cutuca, entrega um santinho com um papel “sou surdo-mudo, queira me ajudar.”
E como não iria querer? Caridade forçada. Só gente muito mal educada pra se negar...
É como quando alguém lhe estende a mão.
Você QUASE nunca rejeita aquele chacoalhar.
Mas há sempre a possibilidade do quase...
Esses dias me perguntaram pq eu não dou beijo no rosto de todo mundo
Cantei:
“E só tôu beijando o rosto
De quem dá valor
Eu não tenho nada, antes de vc ser eu sou
Eu SOOOUL
Eu sou amô, da cabeça aos pésss!”
Chamaram-me Louca! Mas nisso eu já seguia meu caminho. Traçando meu destino com gingado meio de carioca, meio de mãe de santo, meio robocop, meio gorila. Sei lá...
Enfim, eu chegava ao bar.
“Aí de novo?”
Sim, meus pés parecem me levar até os botecos, sem que meu cérebro necessite ordenar.
(Aah, a imperatividade encefálica, tão inexistente em noites escuras).
Agora, fugindo dos parênteses, acho que vou parar de estufar o peito e fazer cara de valente.
“quê?”
Acho que vou mesmo é passar a desviar dos golpes.
De todo cinismo, de todo machismo, toda falsidade, todo falso moralismo, toda critica sem fundamento – de quem só quer mesmo, é te ver por baixo.
Se eu já descarreguei? Não, este é só o primeiro caminhão.
Ando pensando em ter um filho... (cilada, Bino!)
Não, é sério. Ou filha... Não se assuste cumpadi, tenho pill do dia seguinte em estoque pra pelo menos mais 5 anos.
É só o querer ter por quem olhar. É querer ver um cadinho de mim, num serzinho tão inofensivo. Isso até...
“até ele(a) começar a falar palavrão, te mandar praquele lugar, enxer a cara de piercings, te dar dor de cabeça com problemas na escola e finalmente encontrar prazer na vida sexual”
Que horror! Parece a frase que eu vi num cemitério uma vez. “hoje eu sou, pq um dia você foi”.
Larga mão de filho, quêro sabê não! Melhor é descartá-los na privada, dar descarga na camisa-de-vênus (que se previsse o futuro, se chamaria camisa de força).
Mas agora chega. Chega de falação.
A lua ta bonita, e o melhor a se fazer é dar um trago
Seja de cigarro, de conhaque ou de amor barato...
“oi?”
(Embora você me seja muito caro...)

http://www.youtube.com/watch?v=3YcNzHOBmk8

4 de abr. de 2013



Sei lá
Será que vou passar o resto de meus dias assim?
Levantando de leitos onde não sei mesmo o nome do anfitrião, que ronca ao meu lado?
O importante é ter dinheiro pra passagem de volta
O importante é não tropeçar nos próprios pés
Achar que vou colher flores no caminho
(No máximo vou escarrar estes catarros que se pregaram na minha garganta
Na minha voz, rouca de cannabis)
Importante é não fantasiar
Fazer de momentos sórdidos lembranças doces
Confundir olhares fúnebres que me consomem como necrófilos
Com ternura, como quem vê algo além das expectativas
Não, eu não sou o tipo de pessoa que se vangloria por cada pau embocado
Pra mim vale mais um abraço de um homem honesto
Que o sêmen de um bêbado
(um vagabundo, como eu...)

26 de fev. de 2013

Parece-me tudo fútil...
Falar sem certeza
Comer sem vontade
Se dar sem tesão
Discutir sem razão
Mas eu continuo fazendo...

3 de fev. de 2013

23h é hora de trancar o portão da frente
Pelo menos na casa do meu vô
Meia noite o barulho do relógio de pulso faz tremer a casa
Pelo menos o meu quarto
Noite adentro o silêncio me sufocando
Eu brigando com meus egos
Pra ver qual deles vai controlar a situação
Até quando eu vou segurar esta turbulência do peito?
São tantas as contradições, maiores que minhas certezas
Certeza mesmo é que eu acordo no domingo e dou graças a Deus
Não por comoção ao esplendor do dia ou por fé
É por ainda não ser segunda feira
E eu não precisar sair de casa
Encarando a vida ou os rostos sem expressão que eu encontro pelas ruas
Aí você me diz que a falta de expressão está em mim
Que as pessoas continuam a sorrir, a chorar, a se enfurecer, a se entender
O que pra mim tanto faz
Se o reflexo que carrego é só uma nuvem cinzenta
Deixe que ela desça em chuva, ou melhor,
Que mude o tempo
Que haja neblina densa
Pra eu me perder no nada

4 de dez. de 2012

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Sonhei
Com um ritual de dança
Ninguém percebeu o gosto do suco de cevada em meio ao mar de frutas
Até embriagados começarem a soluçar e a pedir passagem pro banheiro
Por falar em mar
Outro se fez
Não tão distante de nosso horizonte
Areia se encontrava com areia até 180º graus
Pra depois um pouco de céu vir a se confundir com a água
Vi uma tartaruga cruzar todo chão, pseudo-céu de areia até cair na água
De seus (meus?) olhos
Um bailarino interpretando uma gueixa
Pra surgir com um acompanhante dizendo “o que é Brasil?”
Um dizia candomblé, outro samba
Outro mata virgem
E a multidão indagava, virgem?
Só na pureza das crianças
Até começar o vai e vem de tambores
Todos na rua com colar de flores
Perguntei às conclusões de vida
À uma hippie aposentada
Ela me respondeu com aquele clichê
“Porque nem tudo que eu quero eu posso,
Nem tudo que eu posso eu devo e
Nem tudo que eu devo eu quero ”
Eu ainda insisti, perguntei o que eu conseguiria tirar daquilo
Ela então deu uma longa piscada e disse
Você pode fazer tudo o que quiser
Até onde o limite da sua preguiça te impeça
Você pode ter um carro, casa, filhos
Eu escolhi ter somente a casa, mas em todo caso
Sei que o que custa mais caro, é a manutenção
Das peças no caso do automóvel
Da limpeza da casa pra receber bem as visitas
E da dedicação diária de afeto se você quiser constituir família
Acenei com a cabeça, e agradeci
Ela já tinha mastigado até demais pra mim
Decidi voltar a rua em que passei a minha infância
A casa que morei estava abandonada
E eu me senti como aquela casa
Onde nem a beleza exterior ou a solidez das paredes
Consegue atrair novos moradores...
Sequei as lágrimas, como se elas tivessem caído
Eu fui voar onde não havia fios de tensão
Onde meu ego/caos distraído
Não se preocupasse tanto em saber o que está além do que está escrito

6 de nov. de 2012

Dou a cara à tapa
Mas não pra mais uma de suas ofensas
Dou-me à vida
Como quem pisa no escuro e não se importa com a poeira sob seus pés
Seja ela gelada ou brasa acesa
Se eu transparecesse  poderia catar meus cacos e fazer um vitral
Mas apenas colo-os e continuo este vaso de barro
Que só crianças curiosas com os olhos vêm me perguntar o que tenho por dentro
Respondo como aquelas conchas que ampliam o barulho do ambiente
Ao invés de som de ondas... suspiros, piscar de olhos e o pulsar  ansioso do sangue

10 de out. de 2012

Você pensa que suicídio é para os fracos
Mas pensa em morrer de 5 em 5 minutos
Você não sabe nem por quê
Sabe que quer estar enterrado de alguma forma
Você já não está?
Às vezes eu penso que estou
Deito na cama e minhas raízes parecem me estrangular
Será o peso na consciência demais para o travesseiro
Ou serão meus pés que me traem
Caminhando para a total falta de zelo (comigo)?
Acho graça desta moda de “desapego”
Ainda levo na bolsa os confetes de carnavais passados
Interajo com seus hábitos boçais
E dou azo aos meus, querendo disfarçar este amor banal